Criado em 1991 pelo Tratado de Assunção, o Mercado Comum do Sul (Mercosul) desempenha um papel essencial na economia e política da América Latina. O bloco é uma união aduaneira composta por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, com o objetivo de promover o livre comércio, a circulação de bens, serviços e pessoas, bem como fomentar a integração econômica e o desenvolvimento regional. 

O Mercosul tem estabelecido diversas parcerias estratégicas que exercem influência direta no comércio exterior brasileiro. A integração regional promovida pelo bloco permite a criação de cadeias de produção mais eficientes e a redução de barreiras tarifárias entre os países-membros. Isso facilita o comércio de bens e serviços, estimulando o crescimento econômico e a competitividade das empresas brasileiras.  

No entanto, desde a sua fundação, o Mercosul tem enfrentado uma série de desafios no cenário do comércio exterior. Esses desafios variam desde questões relacionadas à infraestrutura até disparidades econômicas entre os países membros. 

Desafios do bloco 

Mesmo exercendo influência notável no comércio exterior e na economia global, o Mercosul se depara com diversos desafios. Entre eles, destacam-se as divergências políticas, a necessidade de uma coordenação efetiva e a coesão entre os países-membros, além da urgência de diversificar as economias locais para reduzir a dependência de commodities. 

Enquanto Brasil e Argentina possuem economias mais variadas, o Paraguai e o Uruguai enfrentam desafios estruturais e têm economias menores. Essa disparidade pode gerar obstáculos na implementação de políticas comerciais comuns e na promoção de uma integração mais profunda. 

 
As divisões internas dentro do Mercosul têm sido um impasse no pleno aproveitamento das oportunidades comerciais. Disputas políticas, divergências econômicas e ideológicas entre os países-membros resultam em entraves que dificultam a implementação de políticas e acordos. Um exemplo foi a suspensão do Paraguai em 2012, devido à destituição do então presidente Fernando Lugo. E, mais recente, a Venezuela, que está suspensa do bloco desde 2016 pelo não cumprimento das obrigações econômicas, políticas e humanitárias estipuladas. 

A questão ambiental também demanda atenção, com a transição para práticas mais sustentáveis em resposta às mudanças climáticas. Inclusive, o tema vem sendo debatido constantemente, especialmente por ser uma questão-chave para a concretização do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. 

O acordo entre União Europeia e Mercosul  

Desde 2006, o Mercosul e a União Europeia têm buscado avançar nas negociações para um acordo?de livre comércio entre os dois blocos. Essas negociações intensas, que se estendem ao longo de duas décadas, prometem impactar positivamente o comércio, o investimento e o desenvolvimento sustentável em ambas as regiões, ao criar um mercado ampliado com acesso facilitado a uma gama mais diversificada de produtos e serviços. 

Além de promover a competitividade e a inovação, o acordo visa a redução das tarifas sobre diversos produtos e o aumento da acessibilidade aos bens importados. Contudo, apesar dos potenciais benefícios econômicos e sociais, o acordo enfrenta desafios e críticas que podem impactar seu avanço. 

Um dos pontos do acordo é o compromisso com a sustentabilidade, porém, as divisões dentro do Mercosul têm reduzido as chances de um acordo definitivo ser firmado. Dois dos quatro países do bloco sul-americano ainda não responderam a um adendo sobre salvaguardas ambientais, o que coloca em xeque a efetivação do compromisso sustentável do acordo. 

Setores específicos, principalmente na agricultura, expressaram preocupações sobre a concorrência aumentada de produtos importados, o que poderia afetar negativamente os produtores locais. A França, em particular, tem manifestado reservas em relação ao acordo, com agricultores organizando grandes protestos no país. Atualmente, a França é a principal beneficiária do mercado agrícola protegido da União Europeia, e há temores sobre o impacto da competição estrangeira. 

Acordos que fortalecem a economia e o comércio exterior 

Embora a posição do Mercosul represente um desafio para o comércio exterior brasileiro, também abre portas para fortalecer parcerias comerciais e explorar novos mercados.  

Para minimizar os possíveis impactos, o Brasil tem concentrado esforços em reforçar sua presença no comex por meio da diversificação de parcerias e da negociação de acordos bilaterais. Recentemente, o país vem avançando nas negociações comerciais com nações como Estados Unidos, China e Arábia Saudita. 

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